Jesus by Alexandra Solnado

Eu Só Quero o Que É para Mim!

 

O ser humano não confia no Céu. O ser humano está habituado a controlar tudo. Não sabe render-se, não consegue relaxar e deixar-se proteger, confiar em algo superior a ele próprio. Uma das consequências dessa atitude é que a pessoa acha que sabe o que precisa, e acha que sabe o que tem que fazer para conseguir alcançar. E corre atrás disso. Define objetivos para tentar conseguir o que acha que é melhor para si. Eu sei como é. Já estive aí. E um dia, Jesus disse:

– Para de correr atrás do que tu achas que é melhor para ti. Se calhar o que tu achas que é melhor para ti, não é o melhor para ti.

 

E eu, que nessa altura já tinha percebido que Ele tinha sempre razão, nem argumentei. Apenas perguntei:

– Mas como é que eu faço para parar? Paro só? Paro de correr? Paro de perseguir os meus objetivos?

– Sim. Só que não vais parar completamente. Tu vais fazer uma outra coisa. Vais concentrar-te diariamente, a cada minuto da tua vida, a prescindir do que não é teu, a soltar o que não é para ti. Vais conectar-te com o teu coração, com a tua energia, e vais perceber o que é para ti e o que não é para ti. E o que não for para ti, vais pura e simplesmente soltar, prescindir, por mais que doa.

 

E Jesus continuou a explicar:

– A maior parte das pessoas corre atrás de uma coisa que acha que é para ela, mas na realidade é um padrão repetitivo de comportamento, isto é, já foi para elas. Exemplo. Uma pessoa que teve muito controlo noutra vida, nesta vida vai correr atrás disso. Vai tentar controlar tudo e todos, a morrer de medo do desconhecido. Mas na realidade só vai atrair situações em que não controla absolutamente nada. Porque o controlo é uma coisa que já aconteceu noutra vida. Nesta vida é suposto limpá-lo. Só que o vosso ego não é uma energia muito inteligente. Ele é como um robot pré-programado para fazer-vos sobreviver e fugir da dor pois ele não faz ideia para que é que a dor serve... para que é que a insegurança serve... para que é que a fragilidade serve... Para ele o seguro, o lógico, é controlar, pois na lógica dele, onde há controlo não há desconhecido e portanto não há dor. Então ele controla. E conversa com a nossa cabeça, dá-nos argumentos lógicos, “Se largares o controlo vais ficar sem proteção, à mercê do desconhecido. Vais ser magoado”. E vocês, obedientes, controlam mais e mais, achando que aquela vozinha na cabeça são vocês, e não que a vozinha na cabeça é ele, o ego.

 

– Mas é só isso?

– Sim, Cabrita. É só isso.

 

– Mas não tenho que lutar, correr, desbravar, como eu sempre fiz?

– Não. Vais ter que fazer uma coisa muito mais difícil. Parar tudo e confiar que, quando não enches o teu espaço energético com o que não é para ti, o que realmente é para ti vai começar a chegar. Mas não é logo. Demora um tempo. Não podes prescindir para... que cheguem outras coisas. Tens que prescindir... porque sim. Porque não é para ti. Só. E o facto de não ser para ti tem que ser o único motivo pelo qual deixas as coisas irem embora. Mesmo as que amas. Mesmo as que estão aí há muito tempo.

 

Depois desta conversa com Jesus, resolvi experimentar. Comecei a prescindir do que não era para mim. Mas em tudo, tudo, absolutamente tudo. Em todos os detalhes da minha vida. Nas relações com as pessoas, no apego às coisas, no trabalho. Quando eu sentia que a coisa não encaixava, eu prescindia. Quando eu sentia que não fluía, eu prescindia. Às vezes corria e voltava a ir buscar. E voltava a não encaixar. E eu voltava a prescindir. Houve alturas muito difíceis em que doeu muito prescindir do que não era para mim. Pessoas, coisas, iam indo embora. Eu soltava. Ufffff. Doeu mesmo. Doeu soltar, doeu parar, porque eu estava habituada a perseguir objetivos. Estava habituada a lutar pelo que queria. Estava habituada a correr atrás das coisas. E o que Jesus me pedia era para parar de lutar, parar de correr e apenas prescindir do que não era para mim.

O que aconteceu a seguir foi absolutamente mágico. Naquele espaço vazio que ficava depois que eu prescindia do que não era para mim, de repente aparecia uma coisa que era, sim, para mim e que eu não estava à espera, não estava à procura, não estava a perseguir, não estava a lutar por ela, não estava nada. E a vida apresentava-se, trazia essa coisa, como se aquilo viesse num colo, como se fosse uma prenda, como se fosse uma bênção.

Na realidade era uma bênção. Vinha com uma luz incrível, com uma leveza incrível e fluía... fluía. E eu comecei a perceber que quanto mais eu prescindia do que não era para mim, mais vinham coisas que eram para mim. E comecei a perceber que realmente era possível trazer a nossa Vida em Luz que existe lá em cima cá para baixo. Comecei a entender o mecanismo de viver em Luz. Não é a correr atrás das coisas que nós alcançamos o que é para nós. Pelo contrário. É escolhendo a cada dia, a cada hora, a cada minuto, prescindir das coisas que não são para nós, de modo a darmos espaço para que as que são possam chegar. E eu garanto – pelo menos pela minha experiência – que o que é para nós é infinitamente maior do que alguma coisa que eu pudesse perseguir, do que alguma coisa que eu pudesse imaginar. E isto é a maior prova de que o Céu é realmente muito, muito generoso.

Obrigada Jesus, meu grande Mestre, por mais esta lição.

 

in "Conexão - O que Jesus me ensinou"

de

Alexandra Solnado